João Moreira da Silva
João Moreira da Silva (Porto Alegre, 8 de outubro de 1856 – 11 de junho de 1942) foi um literato, jornalista, ator e dramaturgo brasileiro.
Fez seus primeiros estudos no colégio do professor Hilário Ribeiro e depois se estabeleceu como comerciante.[1] Foi suplente da diretoria da Associação dos Empregados no Comércio e da Junta Comercial.[2][3] Desde a juventude fez fortes laços com nomes da imprensa, do teatro e da literatura, além de ser ator amador em várias companhias de Porto Alegre.[1]
Foi co-fundador, junto com José Rodrigues da Rocha, da Sociedade Luso Brasileira, criada em 4 de outubro de 1874, um grêmio que desempenhou papel relevante na cena teatral gaúcha. Segundo Renata Geraldes, "durante quase quarenta anos de existência, a Luso, como era chamada, movimentou as atividades cênicas de Porto Alegre realizando espetáculos e incentivando a produção dramática local. Revelou na década de 1870 inúmeros dramaturgos gaúchos, como Joaquim Alves Torres, José de Sá Brito, Artur Rocha, Dionísio Monteiro, Vasco de Azevedo e Ernesto Silva. [...] Nos títulos que constituem o repertório escolhido pela Luso é possível perceber um esforço para firmar uma dramaturgia nacional que abordasse assuntos contemporâneos. Prevaleciam, nesse sentido, obras que representavam o país, a partir de figuras simbólicas, como indígenas e negros".[4] Foi membro da lendária Sociedade Partenon Literário,[5] a mais importante instituição cultural do Rio Grande do Sul no século XIX, colaborando em sua Revista Mensal.[1]
Um dos pioneiros do teatro gaúcho, notável como autor satírico e humorista na prosa e na cena,[6][7] muito apreciado em seu tempo,[8] usava os pseudônimos Álvaro, Areimor e Raul. Deixou as peças A banhos (1891), A procura de musas (1880, com Artur Rocha), Alegrias de viúvo (1884), Em maré de rosas (s.d.), O gênio do mal (s.d.), e Por causa de uma carteira (s.d., com Ernesto Silva),[4][9] além dos livros de contos e crônicas Alinhavos: humorismos inocentes (1896, 2º ed. 1925) e Prosa alegre: ressurreição literária (1908),[1] e o livro de contos Coisas a rir: caprichos humorísticos (1887). Adaptou material de Bruno Seabra como a cena dramática Paula (1886).[4] Sua obra não se limita ao humorístico, e às vezes tem um forte conteúdo de crítica social, sendo um militante da causa dos trabalhadores.[10]
Colaborou em vários jornais,[9] foi cronista do Correio do Povo[11] colaborador das revistas O Malho e Para Todos,[12] e um dos principais colaboradores da revista O Telefone, onde, segundo Athos Damasceno, deixou páginas de "fantasia leve e leve humorismo [que] não só valorizavam o periódico como, de certo modo, lhe definiam e caracterizavam a feição, isto é, o tipo de publicação que era — um semanário de limitadas ambições literárias, destinado principalmente a distrair seus leitores".[13] Sobre sua prosa, disse Aquiles Porto Alegre: "é um prosador que encanta pelo fino espirito. A graça brota-lhe espontânea como um raio de sol. É um escritor que não envelhece".[14]
Teve com Maria Rita da Fonseca os filhos Álvaro, Raul, Alina, Glória e Alice.[4] Foi uma influência decisiva na vida e na carreira literária do filho Álvaro Moreyra.[15]
Ver também
Referências
- ↑ a b c d Silveira, Cássia Daiane Macedo da. Tudo é novo sob o sol: modernidade e trocas literárias entre Rio de Janeiro e Porto Alegre nas primeiras décadas da República. Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 2013, 282-283
- ↑ "Associação dos Empregados no Commercio". A Federação, 10/10/1899
- ↑ "Junta Commercial". A Federação, 29/10/1900
- ↑ a b c d Geraldes, Renata Romero. Teatro e escravidão : a poética abolicionista na dramaturgia de Arthur Rocha. Mestrado. Universidade Estadual de Campinas, 1992, pp. 56-57
- ↑ "Parthenon Litterario". Correio do Povo, 08/06/1919
- ↑ Sousa, José Galante. O teatro no Brasil, Volume 2. Instituto Nacional do Livro, 1960, p. 503
- ↑ Menezes, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro ilustrado, Volume 4. Saraiva, 1969, p. 1187
- ↑ Porto Alegre, Aquiles. História popular de Porto Alegre. Unidade Editorial, 1940, p. 146
- ↑ a b Bellomo, Harry Rodrigues; Marina Haizenreder Ertzogue; Thiago Nicolau de Araújo. Dicionário biográfico sul-rio-grandense: séculos XVI, XVII, XVIII, XIX. EST Edições, 2006, p. 183
- ↑ Marçal, João Batista. A imprensa operária do Rio Grande do Sul (1873-1974). Do Autor, 2004, p. 86
- ↑ Zubaran, Maria Angelica & Isabel Silveira dos Santos. "Pedagogias do Teatro de Arthur Rocha: abrindo caminhos na direção da lei 10.639". In: Poiésis, 2013; 7 (12):445-461
- ↑ Magalhães Junior, R. Como você se chama?: Estudo sócio-psicológico dos prenomes e cognomes brasileiros. Editora Documentário, 1974, p. 232
- ↑ Ferreira, Athos Damasceno. Imprensa literária de Porto Alegre no século XIX. Editora da URGS, 1975, p. 116
- ↑ PortoAlegre, Aquiles. "Os nossos jornais de ontem". Diário de Notícias, 03/11/1940
- ↑ Finatto, Adelar. Alvaro Moreyra. Tché!, 1985, p. 20