Marcha pela Liberdade
A Marcha pela Liberdade foi lançada pelo Movimento Brasil Livre (MBL) no dia 24 de abril de 2015, em São Paulo, objetivando a ida a pé do estado até Brasília, para protocolar o pedido de Impeachment de Dilma Rousseff. Foram percorridos três estados e mais de mil quilômetros, durante 33 dias, culminando na chegada em Brasília no dia 27 de maio.[1][2][3]
Começo da marcha
O ponto de partida foi na Praça Panamericana, no dia 24 de abril, às 12:00, sem apoio de políticos, apenas popular. No dia, apenas cerca de 23 pessoas haviam se comprometido à caminhada.[2][4] No entanto, a ideia não era fazer com que muitas pessoas fossem caminhar, como disse Kim Kataguiri, coordenador nacional do MBL, ao noticiar a marcha em um vídeo.
"A ideia não é que muitas pessoas andem com a gente durante o caminho, mas que consigamos o apoio de grupos e cidades pelas quais a gente passe"[5][1] Kim Kataguiri.
No entanto, importantes órgãos de imprensa como os jornais O ESTADO DE S.PAULO[6]; O GLOBO[7], FOLHA DE S.PAULO[8] e a revista CARTA CAPITAL[9] consideraram um apoio tímido, longe das expectativas de participação popular dos organizadores. A revista VEJA registrou uma foto com poucos manifestantes em fila indiana por um acostamento de estrada, ao noticiar um atropelamento[10], com o jornalista Reinaldo Azevedo sendo um entusiasta da marcha[11]
Recepção da marcha
Em mais de dez cidades do interior de São Paulo eles foram muito bem recebidos, fazendo até mesmo com que mais algumas pessoas se juntassem à marcha. Durante a trajeto foi notável o intenso apoio dos caminhoneiros.[2]
A recepção na cúpula política no início, por outro lado, não foi muito positiva, nem sequer entre algumas alas não ligadas diretamente à presidente Dilma. Muitos políticos, entre eles Ronaldo Caiado (DEM/GO), não realizaram as participações prometidas[9], apesar de irem até a rampa do Congresso com outros deputados de oposição. Os únicos deputados que caminharam até os manifestantes foram os deputados Jair Bolsonaro (PP/RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSC/SP)[12]. Aécio Neves, um dos líderes da oposição, uma semana antes da marcha chegar à Brasília, fez uma reunião com os outras lideranças da oposição da Câmara, onde condenou o pedido e instruiu os parlamentares a negar o impeachment.[13][14][15]. A recepção da base governista, como do PSOL, PCdoB e do próprio PT foi de desdenho, uma vez que no começo e no final, o movimento estava diminuto.[16].
Outros movimentos ao decorrer do tempo começaram a apoiar a iniciativa do MBL, como o Revoltados Online e o Movimento Vem pra Rua.[2]
Resultados
Após a chegada a Brasília, no dia 27 de maio de 2015, foram recebidos com alguns partidos da oposição, como PSDB, DEM e PPS, na rampa do Congresso. Após isto, eles foram para uma audiência com o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, a quem competia constitucionalmente as capacidades para tal.[17][18][19]
"Vamos entregar um protocolo com mais de mil páginas com pareceres jurídicos sobre as pedaladas fiscais e acordos de leniências que legitimam o pedido de impeachment" disse Caique Mafra no dia 27, o coordenador de unidades do Movimento Brasil Livre.[19]
Exatamente um ano após, em 27 de maio de 2016, o site UOL revelou que, ao contrário da informação prestada pelos líderes do MBL como apartidários e sem ligações financeiras com siglas políticas, atos pró-impeachment foram financiados por partidos políticos como o PMDB e o Solidariedade, através de áudios vazados de um dos coordenadores nacionais do Movimento. Em entrevista, o coordenador não apenas confirmou os áudios, como declarou apoio da máquina partidária do DEM e ajuda financeira da Juventude do PSDB[20].
Impeachment
Diversos protestos contra o governo Dilma Rousseff ocorreram pelo país, principalmente nas capitais e grandes e médias cidades durante vários domingos no ano de 2015. Foram divulgados pela mídia impressa e emissoras de rádio e TV, com a participação de grandes multidões[21]. De forma inédita, rodadas de partidas de futebol de campeonatos oficiais foram antecipadas para não atrapalhar protestos contra a presidente da República[22]. Hélio Bicudo, procurador de justiça, juntamente com os advogados Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior, denunciaram a presidente por crime de responsabilidade. O processo foi aceito no dia 2 de dezembro de 2015 pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, resultando na cassação do mandado de Dilma Rousseff no dia 31 de agosto de 2016.[23][24]
Representação em outras mídias
Em 2019, os integrantes do MBL lançaram um documentário chamado "Não vai ter golpe", onde apresentaram fotos e filmagens da época dos acontecimentos pré-impeachment de Dilma, como manifestações na Avenida Paulista, organização do pedido de cassação, repercussão popular e a própria Marcha do MBL pela Liberdade.[25][26]. A jornalista Cynara Menezes fez a crítica ao documentário e descreveu 13 erros factuais do filme, além da seleção das declarações de votos no dia decisivo, omitindo as polêmicas[27].
Ver também
Referências
- ↑ «Inspirada em Júlio César e Prestes, marcha contra Dilma começa em SP - 24/04/2015 - Poder»
- ↑ a b c d «O MOVIMENTO BRASIL LIVRE EM MOVIMENTO: "MARCHA PELA LIBERDADE" COMPLETA HOJE UMA SEMANA | Reinaldo Azevedo»
- ↑ «MARCHA PELA LIBERDADE - MBL»
- ↑ «Contra PT, líder do Movimento Brasil Livre convoca para marcha até Brasília». 14 de abril de 2015
- ↑ «Contra PT, líder do Movimento Brasil Livre convoca para marcha até Brasília». 14 de abril de 2015
- ↑ «Petição do MBL por impeachment tem apoio tímido - Política». Estadão. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ [ttps://oglobo.globo.com/brasil/integrantes-do-movimento-brasil-livre-chegam-brasilia-tentam-ganhar-adeptos-ao-impeachment-16258776 «Integrantes do MBL chegam a Brasília e tentam ganhar adeptos ao impeachment»]
- ↑ «Após 1.000 km e acidente, marcha anti-PT chega ao Distrito Federal - 25/05/2015 - Poder». Folha de S.Paulo. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ a b CartaCapital, Redação (27 de maio de 2015). «Marcha do MBL: a megalomania e o fiasco do impeachment». CartaCapital. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «Motorista que atropelou líderes de Marcha pode ser sem-terra, diz MBL». VEJA. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «12 DE ABRIL 3 – A "Marcha a Brasília" e a "Pauta dos 50". A oposição surgida na sociedade se manifesta e cobra a outra, a do Parlamento | Reinaldo Azevedo». VEJA. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «Marcha entrega pedido de impeachment de Dilma». VEJA. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «Aécio Neves condena pedidos de impeachment de Dilma e intervenção militar». RecordTV. R7. 5 de novembro de 2014
- ↑ «Aécio rejeita impeachment e repudia pedidos por militares: Não sou golpista»
- ↑ «Aécio rejeita tese de impeachment de Dilma, mas promete liderar oposição - Política». Estadão
- ↑ «Quem se incomoda mais: PT ou PSDB? Marcha Pela Liberdade chega a Brasília domingo para atazanar os dois | Felipe Moura Brasil»
- ↑ «Marcha entrega pedido de impeachment de Dilma; grupo é recebido por Eduardo Cunha | Reinaldo Azevedo»
- ↑ Oliveira, Mayla Di Martino Ferreira. «A política como profissão: uma análise da circulação parlamentar na Câmara dos Deputados (1946-2007)»
- ↑ a b Fernanda, Calgaro (27 de maio de 2015). «Manifestantes entregam na Câmara pedido de impeachment de Dilma». G1. Globo
- ↑ «Áudios mostram que partidos financiaram MBL em atos pró-impeachment». noticias.uol.com.br. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ TV, Notícias da (16 de março de 2015). «Cobertura de protestos contra Dilma Rousseff infla audiência das TVs». Notícias da TV. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «Futebol de domingo é antecipado para não atrapalhar protesto contra Dilma». Folha de Dourados - Notícias de Dourados-MS e região. Consultado em 13 de setembro de 2020
- ↑ «Eduardo Cunha aceita pedido de impeachment da oposição contra Dilma»
- ↑ https://www.migalhas.com.br/arquivos/2015/9/art20150901-04.pdf
- ↑ March for Freedom, consultado em 20 de abril de 2020
- ↑ «Documentário do MBL chega às plataformas sob demanda». 7 de setembro de 2019
- ↑ Menezes, Cynara (10 de fevereiro de 2020). «13 mentiras (e uma omissão) do "documentário" do MBL sobre o golpe - Cynara Menezes». Brasil 247. Consultado em 13 de setembro de 2020